
O Relatório Fronteira Sul 2025 da Associação Pro Direitos Humanos da Andaluzia (APDHA) revelou que se vulneram gravemente os direitos e a dignidade humana das pessoas migrantes que trabalham na indústria agroalimentar em Huelva e Almería. Ambas comunidades converteram-se em grandes produtoras de agricultura intensiva em estufas, que depende fundamentalmente do trabalho de pessoas migrantes, que costumam viver nas imediações das plantações.
A solução habitacional temporária de acampamentos improvisados acabou por se tornar numa situação permanente, forçando as trabalhadoras a viver em condições de sem-abrigo. Os dados oficiais afirmam que cerca de 12.000 pessoas vivem atualmente nesta situação, embora o cálculo seja muito conservador. Muitas destas são mulheres, frequentemente acompanhadas por filhes, cuja situação é agravada pelas violências que sofrem devido à sua identidade, tendo sido denunciados, em várias ocasiões, abusos sexuais e violações por parte dos “empregadores”.
Vivem em barracas construídas com materiais como cartão, paletes ou plástico, que provocam condições extremas de frio no inverno e calor no verão, em acampamentos isolados onde falta água potável, não há saneamento nem eletricidade e convive-se constantemente com o risco de incêndios. As condições indignas e insalubres têm riscos graves para a saúde, desencadeiam violências e dão lugar a situações vexatórias e abusos dos “empregadores”, em condições em que o citado relatório caracteriza como “semiescravatura”. Muitas vezes sem papéis e desalojadas dos acampamentos, a sua vulnerabilidade aumenta ao não lhes serem reconhecidos os seus direitos básicos.
É necessário e urgente garantir que se respeita a dignidade humana e pelos direitos laborais de quem vive do seu trabalho, independentemente da origem ou situação administrativa. Melhorar as condições laborais, sanitárias e habitacionais é uma luta justa e fundamental que elas já lideram. Ao avançar nessa luta, todas as nossas vidas serão mais livres.