
Atualmente existe uma conceção antiquada e muito limitada das bibliotecas públicas, dando por garantido que uma biblioteca se dedica unicamente ao empréstimo de livros e à manutenção de espaços para o estudo e a leitura, esquecendo-se das funções sociais deste tipo de centros, como espaços para o desenvolvimento de atividades e participação social.
Estas bibliotecas contam com marcadas abordagens teóricas e práticas das suas funções sociais, partindo desde a própria definição de biblioteca pública, que confere um claro enfoque social, pois não deixa de ser um centro de todos e para todos, e que deve oferecer algo a todas aquelas pessoas que se aproximam das suas portas. Além disso, há que ter em conta que partimos de um contexto desigual com pessoas em risco de exclusão social, pelo que estes centros oferecem um espaço para a implementação de atividades e serviços compensatórios destas desigualdade de oportunidades informativas, educativas e culturais.
Desigualdades que se exemplificam naquelas pessoas que não podem aceder à internet ou não dispõem dos meios necessários; crianças cujas famílias não têm os recursos económicos para adquirir os livros exigidos pelas escolas e institutos; pessoas estrangeiras com dificuldades com o idioma ou utilizadores que têm poucos conhecimentos informáticos para elaborar um currículo ou consultar o estado dos seus trâmites.
Outro exemplo do enfoque social das bibliotecas públicas tem a ver com a participação e colaboração cidadã favorecendo, sempre que as suas dimensões o permitam, espaços sociais destinados à socialização e encontro social dos diferentes usuários, além de contar com a participação dos vizinhos do bairro de forma activa nos projetos que levem a cabo, tais como palestras, exposições, atividades reivindicativas como as que se podem ver à volta do 8 de Março, entre outras, ou a distribuição e decoração do centro, como o projeto “Compartiendo Muros” nas bibliotecas da Câmara Municipal de Madrid, que consistia em perguntar aos vizinhos do bairro quais os seus livros favoritos para depois serem representados na fachada da biblioteca do bairro, juntamente com a participação de todos os que desejassem colaborar na elaboração do mural junto a um artista urbano, uma forma de fazer do bairro seja algo que já lhes pertence.
Todas estas ações favorecem o compromisso com o desenvolvimento sustentável local, um centro e uma rede social solidária que se retroalimenta e que cobre as necessidades sociais do seu entorno, tais como o fomento da leitura, o acesso universal à cultura e ao conhecimento, a inclusão social, a inclusão laboral, a inclusão digital, a literacia informacional e a reivindicação de direitos.