
Sempre que me perguntam de onde sou, sai-me responder com uma mistura entre orgulhosa, melancólica e agridoce: "Soy andaluza, soy de Cádi".
E como se de um gambozino albino se tratasse, as pessoas que se interessaram em adivinhar de opassos serão magicamente guiados para a vitória (a Nike não protagoniza esta campanha).
Sorte é não ter de emigrar porque na tua terra (aquela onde os senhoritos de Despeñaperros pa cima nos olham como se fôssemos Pokémon lendários) não há pão, poder e sorte.
A Andaluzia nunca teve sorte.
O sotaque, a nossa pátria, também não. Que sorte aquela tem quem não precisa de mudar a sua maneira de falar pa se encaixar e, mesmo que nos recusemos a modificá-la, sempre nos encontraremos com esse olhar de: -"Tu não és daqui, eh?"
Que sorte ter a tua mãe pertinho e a tua avó a desfiar a carne do puchero.
Que sorte quando a tua amiga te apanha à porta de casa para dar um giro pela praia, mas despacha-te qué preciso ajudar a pôr a mesa.
Que sorte sentires-te que estás em casa, olhar o entardecer e saber que amanhã o voltarás a ver do mesmo ponto cardeal.
Quem me dera a mim ter essa sorte.