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PORTUGUÊS NÃO É LÍNGUA MATERNA EM ÁFRICA

Existe um mito sobre a língua portuguesa: supostamente, vários países em África têm o português como língua materna. Como outros mitos coloniais, também este é falso. É verdade que uma esmagadora parte da população dos países africanos de língua oficial portuguesa fala português como segunda língua; e o conhecimento dessa língua, mesmo que não seja de forma nativa, aumenta as possibilidades de comunicação além-fronteiras.


Mas em Moçambique, por exemplo, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique, apenas 16,5% da população fala português como língua materna. Esta percentagem era muito mais pequena logo a seguir ao processo de descolonização: em 1980, apenas 1,2% da população falava português como língua materna. E a situação nos outros países onde se fala português não é muito diferente, com a possível excepção das zonas urbanas de Angola.


João Melo, escritor angolano, afirmou ao Gerador: “Faria todo o sentido que a alfabetização das crianças começasse por ser feita na língua que elas conhecem.” O campo da linguística confirma: um bom conhecimento da língua materna melhora todas as capacidades cognitivas, inclusive a aprendizagem de outras línguas. Fica a pergunta: porque não a aprendizagem de qualquer língua como língua materna, nas escolas de todo o mundo? A aprendizagem de línguas estrangeiras não ficaria em causa. Porque é que as fronteiras definem que línguas aprendemos nas salas de aula se todas as línguas são, elas mesmo, universais?

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