
Segundo um estudo da Universidade de Compostela publicado na Gaceta Sanitaria, o consumo de hipnossedativos triplicou desde 2005. Este tipo de medicamentos é geralmente receitado para a insónia e a ansiedade e existe uma tendência global para o aumento do seu consumo. Segundo o mesmo estudo, o consumo é 65% maior em mulheres; e uma das principais razões apontadas é a diferença de tratamento entre homens e mulheres por parte do pessoal médico e não uma diferença biológica: os aspectos psicológicos são mais tidos em conta nas mulheres e os aspectos fisiológicos nos homens.
O sono é uma parte fundamental do nosso bem-estar mental e cada vez mais gente recorre aos serviços médicos por insónias. Mas será esta a abordagem correcta? Geralmente, quando se trata saúde mental, o pessoal médico pressiona os pacientes a adaptarem-se à sociedade e existe cada vez mais uma cultura de tratar tudo com medicamentos. Mas, na verdade, os seres humanos dividiram o seu sono em duas partes até ao início do capitalismo. O historiador A. Roger Ekirch, no seu livro “At Day's Close: Night in Times Past”, recupera os nossos hábitos antes do capitalismo. Era usual dividir o sono em duas etapas, ficando acordado durante algumas horas durante a noite para ler, comer ou fazer sexo. No fundo, até as funções biológicas precisam de ser contextualizadas com o período histórico. Dormir 8 horas seguidas não é “natural” nem deixa de ser.
Mas como é que é possível ter este tempo todo para descansar se todos os dias temos que ir trabalhar tão cedo? O problema não se resolve com medicamentos mas sim com o fim destes trabalhos inúteis! Não existem já recursos mais que suficientes para podermos viver em paz e em harmonia com a natureza, para podermos brincar e descansar com mais tempo? O problema é mesmo não termos tempo para nada!