
Há pessoas que compreendem (e outras que não) que as lutas de classes em Portugal no período anterior ao revolucionário de 1974-75, estiveram antes de tudo e principalmente dominadas pelas lutas anti-coloniais mas também pelo enfrentamento directo entre os operários revolucionários, organizados em assembleias autónomas, e a burocracia estalinista enriquecida por generais derrotados.
Esta dinâmica não cessa no presente momento das lutas de classes em Cádiz e Cartagena. Partidos e sindicatos oficiais reprimem as greves dos estivadores dos portos de ambas cidades, por não aceitarem um acordo colectivo que vai contra os seus e portanto nossos interesses. Operários em luta são presos e as suas manifestações violentamente reprimidas, por lutarem por outra vida e perguntarem, simplesmente:
- Estamos realmente vivendo? Podem os nossos dias ser chamados de vida? Quando é que descobriremos que cada ano que passa é mais um ano de vida mandado para o lixo?
A miséria em que transformam as nossas vidas não pode ser combatida através das ins-tituições da miséria: os parlamentos, os sindicatos, os gestores do sistema em que vivemos. Ninguém pode fazer essa luta por nós.
NR