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QUE VIDAS É QUE IMPORTAM MESMO?

De acordo com a ONG Armed Conflict Location and Event Data Project (ACLED), existem, actualmente, 37 países em guerra. A invasão da Rússia à Ucrânia e o genocídio em curso na Palestina às mãos de Israel são os conflitos mais mediáticos - e os que provocam mais mortes.


Mas podem sequer existir mortes mais importantes que outras? Destes 37 países, 23 são em África, 8 na Ásia, 4 na América e 2 na Europa. Os conflitos no Mianmar, no Sudão, na Etiópia, na Nigéria ou no Haiti são particularmente sangrentos mas não recebem a mesma atenção mediática. Seria assim se a cor de pele fosse branca?


Quem exporta as armas destas guerras? De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, os Estados Unidos da América representaram 43% das exportações mundiais no período entre 2020 e 2024. A França, 9,4%. A China, 7,8%. A Alemanha, 3,9%. Os países mais ricos produzem e vendem armas para guerras nos sítios mais pobres do mundo. Coincidência?


Isto não significa que a centralidade que a Palestina tem no discurso mediático seja injustificada. É o futuro de toda a humanidade que está em jogo: se o povo palestino perde, todos os povos mais oprimidos do mundo ficarão ainda mais à mercê do colonialismo das grandes potências, dos Estados Unidos à China, porque valerá tudo para submeter um povo; se o povo palestino resiste, todos os povos do mundo têm a ganhar com isso. A centralidade da luta pelo povo palestiniano é a centralidade da luta contra a guerra e contra a compra e venda de armas. Todos os povos do mundo serão mais livres com a resistência da Palestina.

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