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TEMPO

Eu não sei onde o tempo que me corresponde como um direito a sentir está.

Repito.

Eu não sei onde o tempo em que eu tenho permissão para sentir está.

Imersa em obstáculos, eu mais uma vez percebo que preciso ser um vazio para conseguir progredir.

Burocracia, Finanças, Emprego, e a IMENSA necessidade de ser desejada me deixam sem lugar para ser.

Para sentir.

Para escutar os mais profundos sinais da minha depressão.

Para realmente encarar o chamado do que quer que esteja dentro de mim. Eu não ouso nomeá-lo.

Eu não ouso.

Se eu ousar, vou ter que conhecer por um segundo a emoção profunda de uma alma perdida.

E eu não tenho tempo.

Eu lamento.

Ter tempo é tudo que eu quero agora.

Os nós nas minhas costas não têm tempo para serem desfeitos.

Meu maxilar não tem tempo para se destravar.

Meu corpo não tem tempo para a febre que insiste em vir todo dia desde que a cafeína virou uma das pedras fundamentais dessa nova maratona.


Cada respiração, cada negligência que cometo é uma mistura de maus hábitos e a reunião de forças para alcançar o TEMPO.

Tempo para respirar.

Para silenciosamente me escutar enquanto lentamente abro meu coração e minha alma para mim de novo.

Para respeitar meu lento amadurecimento e tomada de consciência.


E eu me convenço mais uma vez de que todo o esforço vai me dar o espaço e as condições básicas que eu preciso para florescer.

Eu vou prosperar

Eu vou

(mas não sem isso, no entanto)


Eu vivo. Eu morro. Eu vivo de novo.

Eu vivo. Eu morro. Eu vivo de novo.

Eu vivo. Eu morro. Eu vivo de novo.

Até que eu aprendo.

E dessa vez eu vou aprender.

Eu vou.

Só com base no princípio de que a insustentabilidade desse movimento vai ou me matar ou me erguer.


Os nós nas minhas costas estão mais pesados.

O maxilar não lembra o que destravado significa.

A alma está aceitando que nem toda companhia é uma companhia quando a presença é uma ausência e leva toda a energia que me resta.


Eu não quero morrer querendo viver.

Eu não vou morrer querendo viver.

Eu vou viver e então vou morrer.

Eu vou viver e então vou morrer.

Eu vou morrer vivendo.

Eu preciso do Tempo.

Eu vou ter o Tempo.

Eu mereço o Tempo.

É uma promessa.


Brunna Lopes

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Brunna Lopes